TEM Q PENSAR: teatro punk, anarquista e crítico nas ruas de Curitiba
No final dos anos 90, em meio à efervescência contra cultural que ocorria no Squat Payoll, nasceu o grupo de teatro TEM Q PENSAR, um coletivo cênico formado por punks para experimentar uma maneira nova de expressão artística e política.
Era composto por:
-Girino, das bandas LAI, Difekto, Monurb 116, entre outras;
-China, vocalista eterno da banda Nervoróticos, figura sempre agitadora e muito ativa na cidade, fazia o Zine Andrajoso;
-Minhoca, artista criativo e persistente, vocalista do Difekto nesta época;
-e Dodô, presença querida e sempre engajada na cena punk curitibana. Fazia também o Zine Reciclando Pensamentos.
Um nome pensado por acaso
A denominação curiosa surgiu espontaneamente durante uma reunião em que, ao tentar nomear a trupe ainda em formação, os integrantes não chegavam a nenhum consenso. Foi então que alguém dali comentou:
- É, o nome tem que pensar...
A frase então acabou soando meio engraçado e todos concordaram em adotar aquilo como nome. Era simples, direto e remetia bem a ideia do projeto.
Arte nas ruas
O coletivo se apresentava com frequência antes de shows punks, mas não se limitava apenas a isso. Levavam o teatro para ruas, eventos independentes e espaços alternativos, sempre com sua maneira crítica, poética e provocadora.
Um momento marcante aconteceu em 09/11/1998, na abertura do show de lançamento da segunda demo tape da banda LAI. Com a peça "A VIOLÊNCIA USA FARDA". Que criticava a violência e os gastos militares.
A apresentação foi gravada em vídeo cassete e esta fita está guardada comigo desde 1998. Hoje finalmente está aqui disponibilizada online. Acredite que isso é um registro realmente raro e inédito. (Logo irei digitalizar novamente e publicarei o show na integra e algumas cenas bônus).
Registros gráficos
Um dos materiais que sobreviveu ao tempo é o cartaz que anunciava uma das peças do grupo, nesta apresentação na Boca Maldita na Rua XV de novembro. Neste período grande parte das manifestações punks ocorriam ali na frente do McDollars.
Seu conteúdo visual e textual transmite uma crítica explícita à industrialização e à precarização do trabalho no formato capitalista. As imagens em preto e branco não tem informação de autoria, mas retratam com fidelidade a ideia da peça numa paisagem industrial, com um ser estranho dançando, chaminés soltando fumaça, um edifício fabril e um grupo de pessoas diante dele como se estivessem atônitas. O texto impresso era autoral, coletivo e poético:
Essa composição explica a objetividade convicta do ponto de vista do Tem Q Pensar. O controverso avanço tecnológico trazendo máquinas, produtividade e promessas... gerando poluição, alienação e desigualdade.
Formado então por 4 indivíduos envolvidos na cena punk de Curitiba, visando a arte de expressão, como manifestando muitas ideias e questionando conceitos massificados, muitas vezes até mesmo pela arte. Sendo que os integrantes do TEM Q. PENSAR também tem outras atividades culturais na cena como zines, bandas, squat e trabalho com centro cultural. Mas é no teatro que manifestamos direto aos olhos da massa.
Para contactar com o grupo escreva para CX POSTAL 17.333 CURITIBA-PR CEP 80242-992"
Cita também as participações nos protestos de Sete de Setembro, Grito dos excluídos (relatado no recorte de jornal ao final da matéria) e no dia 9 de novembro em um show beneficente ao Movimento Negro; com a peça "A violência usa farda". Também com a peça "Elas aqui e nóis nada" na escola Lysimaco Ferreira da Costa (onde o Girino era aluno de magistério e a diretora curiosamente era mãe do Lorens, vocalista da banda Criaturas de Morfeu).
Sobre a apresentação no Teatro TUC, também em benefício a Invernada do Paiol de Telha.

(Foto de Pedro Serapio / Gazeta do Povo)
O texto da faixa diz:
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